Testes

H-D Heritage Classic 114 – 2020

Se alguém lhe propuser a seguinte situação…Feche os olhos e pense em Harley Davidson, o que lhe vem à cabeça?

Inevitavelmente virá uma motocicleta/estilo de vida e com certeza um no estilo da Heritage Classic que é nossa moto da vez ou algum modelo deste “nype”, a Deluxe quem sabe, motorzão em “V”, frente de “trem” com seu grande farol no centro e dois auxiliares, para-brisa e alforjes laterais, cromados….. enfim irá lembrar de uma moto com estas características.

Vamos tentar mostrar um pouco desta maravilhosa Harley, um símbolo na história da centenária fabricante de Milwaukee, “uma moderna em pele de clássica”.

foto: Eduardo Motoca # VivoComMoto

Romântica e Ousada 

A Heritage Classic 114 é a cara da H-D, seu nome já diz tudo “herança” em bom e velho português, traz toda a carga histórica da marca desde 1986, mantendo o estilo retrô romântico dos anos 50. O tempo vai passando, mas ela permanece impecável, com algumas atualizações muito bem vindas. Tem uma pegada rock’n’roll que é difícil de explicar, é um sentimento que se tem na sua presença, tem que montar nela para sentir.

imagens: divulgação

 

A sua dianteira já atrai na primeira olhada, destaque para o grande para-brisa com a maior parte em preto, seu conjunto de faróis (FULL LED) e seu belo paralama emoldurando a roda raiada com seu lindo cubo cromado, um espelho.

Em relação ao seu modelo anterior, não existem mais tantos cromados que foram cuidadosamente substituídos pelo preto brilhante que na minha opinião deu um ar mais sinistro, mudou a postura da moto, ficou mais “bandida”, ficou com mais atitude.

foto: Eduardo Motoca # VivoComMoto

Assento e alforjes combinando nos detalhes num acabamento perfeito como é de se esperar de uma legitima H-D. O para-brisa pode ser removido facilmente sem ferramentas, não o fizemos, pois, o objetivo era pegar estradas e assim perderíamos a proteção contra o vento e insetos.

foto: Eduardo Motoca # VivoComMoto

Bora Rodar

Ao pegar a “chave” para ligar a moto, sentimos a primeira modernidade, o sistema “keyless” que aciona a moto por sensor de aproximação, no chaveiro há uma chave inclusa para fechar os alforjes e travar o guidão.

A posição de pilotagem é muito boa, guidão alto (um meia seca suvaco) os braços ficam levemente flexionados, postura mais ereta, pés muito bem apoiados nas plataformas, comandos posicionados bem próximos as mãos, e é claro o assento que é muito macio e gostoso.

Para a garupa o assento segue a mesma linha, não com a mesma largura é claro, mas não ”ouvi” reclamações mesmo após algumas horas de estrada.

foto: Eduardo Motoca # VivoComMoto

Seu coração é o Milwaukee-Eight 114 de 1.868cc com torque de 16,1 kgf.m a 3.000 rpm, sempre pronto deslanche de moto macio ou agressivo dependendo de seu modo de conduzir. O escapamento é um 2 in 2 cromados, tem um som gostoso, agradável que fica mais grave e mais instigante ao acelerar e nas retomadas, lembra um stock car, um verdadeiro “urro” e como se diz música para nossos ouvidos.

Pilotando na cidade não encontrei dificuldades e até andei bastante nos corredores, ela não é muito larga (930mm) apesar de comprida (2415mm) manobrar entre os carros em baixa velocidade já exige um pouco mais de “força”, mesmo assim ainda é possível utilizá-la de modo urbano sem que fique cansado. Outro item a levar em consideração e que neste tipo de moto há uma maior sensação de segurança em relação a roubos, infelizmente isso é uma realidade das grandes cidades como São Paulo por exemplo.

foto: Douglas Santos # VivoComMoto

Os freios são igualmente proporcionais ao desempenho, excelentes para segurar seu peso, na dianteira disco simples com 300mm, pinça com 4 pistões, a traseira disco simples de 292mm, pinça de 2 pistões ambos com ABS.

 

Painel

Um item que tenho que me acostumar sempre que ando de H-D é o painel no tanque, faz com que tenha que abaixar a cabeça um pouco, mas isso é questão de costume. O acabamento (carenagem) em volta em preto brilhante combina com seu aro cromado,  bem completo contem velocímetro analógico de 5 polegadas, display LCD com indicador de marcha, odômetro, nível de combustível, relógio, odômetro parcial, indicador de consumo de combustível e tacômetro digitais, e luzes de aviso que ficam abaixo na carenagem (Farol alto, piscas, ponto morto, baixa pressão do óleo, diagnóstico do motor, iluminação auxiliar, viagem em cruzeiro, ABS, segurança, baixa tensão da bateria, baixo nível de combustível).

foto: Eduardo Motoca # VivoComMoto

 

Na Estrada

Para colocá-la em sua melhor condição, fomos para estrada, em duas pequenas viagens no fim de semana.

Saímos de São Paulo pela Marginal Tietê e depois Rodovia Presidente Dutra SP-060 ou BR116, com destino a cidade de São Luiz do Paraitinga cidadezinha da região do Vale do Paraíba com 10.397 habitantes (IBGE 2019).

foto: Vânia Costa # VivoComMoto

Infelizmente estava quase tudo fechado (já imaginávamos) mas a cidade e linda e conseguimos nos divertir do mesmo modo, fizemos um lanche na padaria TEM PÃO (R. Cel. Domingues de Castro, 64 – Centro), simples e aconchegante, vende deliciosos salgados e doces com o típico e carinhoso atendimento do interior, como não se podia comer lá dentro sentamos na calçada mesmo.

A moto superou as minhas expectativas, principalmente no quesito vibração, senti um pequeno incomodo nos braços a partir de 130Km/h antes disso não faz nenhuma diferença, ultrapassagens são feitas com muita segurança, a aceleração e retomada sempre com motor “cheio” é uma delícia. A posição de pilotagem aliada a um assento perfeito proporciona muito tempo montado sem problemas, na garupa o assento também é confortável e segundo minha garupa “assento que se adequa melhor ao corpo, não é escorregadio e devido a isso dá pra andar mais tempo sem pausas para descansar” e ainda pode ser melhorado facilmente com a instalação de um sissy bar.

foto: Eduardo Motoca # VivoComMoto

Rodando pela sinuosa rodovia Oswaldo Cruz (SP-125) a moto mais uma vez surpreende pelo modo como faz curvas, e como faz bem. Suas belas rodas raiadas de aço aro 16, calçadas por pneus Dunlop que mais parecem blocos maciços de borracha nas medidas 130/90 na dianteira e 150/80 a deixam “ágil” na tocada, na mudança de trajetória e na inclinação que é limitada pelo escape e pelos alforjes.

Alforjes estes com capacidade de aproximadamente 20 litros cada, foram muito utilizados em nossa avaliação, evitando levar mochilas e bolsas, são práticos e com a grande vantagem de ter chaves, e pode sem abertos facilmente com um toque.

foto: Eduardo Motoca # VivoComMoto

A suspensão traseira estava calibrada para cerca de 150kg, calculando piloto, garupa e bagagem atingimos 178kg, quase 30Kg a mais, mas não interferiu na pilotagem, mesmo quando pegamos alguns caminhos com asfalto, ruim. Claro que em alguns buracos se sente mais a “pancada” afinal a suspensão tem que suporte os 330kg da moto mais nosso peso, e se levado isso em consideração está muito bem calibrada.

Diferente dos outros modelos como a FSDR ou Sport Glide o ajuste não é feito no manipulo o que seria mais fácil e simples, e sim embaixo do banco, o mais “complicado” seria retirá-lo para acesso ao amortecedor.

Na Dianteira a suspensão Showa SBDV Telescópica com tubo de 49mm e curso de 130mm igualmente eficiente não deu nenhum susto e manteve nossa viagem segura e tranquila. 

 

Holambra

No dia seguinte (domingo) partimos novamente de Sampa para a charmosa e encantadora Holambra (cidade das flores) a 170km da capital, com seus 11.300 habitantes a cidade se destaca por produzir cerca de 45% das flores comercializas em todo país.

foto: Eduardo Motoca # VivoComMoto

Desta vez rodamos pela rodovia dos Bandeirantes (SP-348) estrada que é um “tapete” para pilotar, com excelente estado de conservação a moto roda lisa, sem muitas curvas podemos sentir sua estabilidade, a força do motor em alguns momentos de “mais diversão” se é que podemos dizer assim, pois até Holambra praticamente uma reta, o consumo ficou na casa dos 17,5Km/l com seu tanque de 18,9 litros nos dá uma autonomia de 330km dependendo lógico da mão do piloto. 

Um dos locais mais legais de Holambra é o moinho Povos Unidos, (Alameda Maurício de Nassau, 249), inaugurado em 2008 é uma cópia fiel dos famosos e tradicionais moinhos holandeses, possui 10 andares e destes 6 abertos à visitação, mas que estava fechado devido a pandemia, voltaremos com certeza.

foto: Eduardo Motoca # VivoComMoto

Outro ótimo passeio é o Lago Vitória Régia, cheio de capivaras com seus lindos filhotes, patos e garças. Um lugar muito gostoso, margeando o lago há uma pista para caminhada em meio as arvores e alguns bancos para sentar e admirar a paisagem, vale a pena conhecer.

foto: Eduardo Motoca # VivoComMoto

Dois itens fundamentais presentes nesta unidade e que foram cruciais para viagem, Cruise Control (piloto automático) que deixa seu punho inteiro, realmente faz muita diferença e quem usa não quer ficar mais sem, é o Mustache Engine Guard ou popular “mata cachorro” que oferece a possibilidade de esticar as pernas e assim poder rodar mais e mais.

foto: Eduardo Motoca # VivoComMoto

Os faróis em LED proporcionam segurança ao trafegar de dia e mais ainda a noite, iluminação com muita qualidade, chama atenção dos motoristas que olham no retrovisor e veem “a nave” vindo, inclusive um caminhoneiro na parada nos perguntou, “- que farol é esse, vejo de bem longe…todas motos deveriam ter isso”…quem sabe um dia.

 

EM RESUMO

Um moto que te dá muito prazer em pilotar, realmente instiga aquela sensação de liberdade, de voltar ao tempo e ter um gostinho das motocicletas dos anos 50 com a modernidade de um super motor, uma suspensão e quadro muito bem ajustados e um ronco que sobe pelas veias e que desperta os sentidos. Recomendo ir pessoalmente a uma concessionária e sentir essa sensação.

A Heritage Classic 114 é oferecida nas cores Vivid Black, Billiard Burgundy, Silver Pine / Spruce, Tahitian Teal,  Billard Red / Vivid Black,   Scorched Orange / Silver Flux e seu preço parte de R$ 89.300 (VIVID BLACK).

 

Maiores informações, acesse AQUI

 

 

texto: Eduardo Motoca  –   VivoComMoto#2020

 

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