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O “H” da Questão

Falar do ecossistema de trânsito sempre é complicado, sempre gera polemica e muitas discussões pois é uma questão complexa com muitas variáveis e com muitos aspectos envolvidos. 

Piloto motocicletas e dirijo carros a bastante tempo, moro em São Paulo uma cidade cada vez mais viva no trânsito, antigamente aos finais de semana havia um certo alívio nas ruas, mas hoje isso praticamente não existe, as avenidas e ruas são cada vez mais ocupadas pelos veículos, somente em feriados que se tem um pouco mais de tranquilidade. 

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Existem leis, normas, regulamentações, dispositivos, melhorias nas ruas e estradas para termos um trânsito mais seguro e claro, com menos acidentes, mas antes que pensem sobre as condições do asfalto e ruas, avenidas e estradas, sim temos muitos problemas, o poder público deve demais a população se levarmos em conta tantos impostos que pagamos como o IPVA só para ilustrar, mas mesmo assim existe uma peça fundamental deste quebra cabeça. 

Fazendo uma pesquisa rápida no site do SENATRAN (Atualizado em 17/02/2023) só em 2022 foram registrados 33167 acidentes envolvendo motocicletas, com 889 óbitos, totalizando 15,1% do total dos acidentes no Brasil, isso somente em regiões metropolitanas, é um número muito pesado. Olha que absurdo, pesquisando no portal do Detran São Paulo. Foram aplicadas de janeiro a dezembro do ano passado (2022) 4431 multas por condução de motocicleta sem capacete ou com capacete sem condições adequadas de uso, indo além ainda na capital de São Paulo, 194.543 multas por utilização, manuseio de celular durante a condução, são números reais e estão disponíveis para qualquer cidadão verificar, pare um instante para pensar sobre. 

fonte: SENATRAN

Muitos especialistas falam que 90% dos acidentes podem ser evitados, ou até minimizada a gravidade, é aí que entra o “H” da questão, esse H é de HUMANO, pessoas, condutores, motoristas, pilotos. De nada adianta ter uma infraestrutura, leis e outros se nós não tomarmos de uma vez consciência de que o veículo que conduzimos, pode ser utilizado sim como uma arma, ferindo pessoas que amamos e pior ainda, pessoas que nem conhecemos. 

Infelizmente nos acidentes de trânsito uma grande porcentagem é de fatores humanos, na condução, na imperícia ou na falta de experiencia em certas situações, além disso é claro fatores como cansaço, estado emocional, algum tipo de doença que atrapalhe de algum modo, tudo isso faz com que um ótimo condutor possa ter um momento de distração e acabe em um acidente. 

Como já comentado acima o poder público tem muito ainda a fazer para melhoras as condições principalmente de infraestrutura nas cidades em ruas e estradas, mas se nós não contribuirmos de nada vale ter por exemplo uma faixa azul* em São Paulo em que a velocidade máxima é de 60km/h se ela virar uma pista de corrida. Uma das coisas que mais me incomoda em particular e não se respeitar a faixa de retenção, qual a dificuldade em se respeitar isso. Tudo isso volta no sentido de conscientização do condutor do respeito às leis e antes disso de respeito a vida, aos outros seres humanos que compartilham a via naquele momento, mas essa questão é muito mais profunda e não vamos alongar aqui a conversa. 

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Portanto antes de sair de casa lembre-se sempre de fazer a principal verificação, se pergunte “Estou bem para pilotar/dirigir” se a resposta for não, aguarde, se possível não saia de casa, se não tiver como não sair com seu veículo, se acalme, se acomode no seu carro/moto, respire, enquanto esquenta o motor, faça um exercício de reflexão, se concentre no que está fazendo, com calma e siga para seu destino. 

Falando especificamente das motocicletas, nos últimos anos estamos acompanhando o enorme crescimento da quantidade destes veículos nas ruas em especial as scooters e as motos até 300cc, segundo dados da ABRACICLO em 2022 houve crescimento de 18,2% na fabricação, observando ainda dados da FENABRAVE foram 1.362.129 unidades emplacadas, 17,7% a mais que em 2021. 

Com isso mais acidentes, que levam a mais atendimentos médicos, mais faltas ao trabalho esse círculo é prejudicial demais a sociedade, durante a pandemia em que os motociclistas entregadores nos salvaram se criaram campanhas para pilotagem consciente, para evitar quedas e acidentes, mas isso tem que ser constante, mas ainda assim o fator humano é primordial, como eu sempre digo aos motoboys quando tenho oportunidade “a melhor entrega é você chegar em casa para sua família”. 

A motocicleta é um “veículo fantástico, um veículo que lida com emoção, moto é vida” (CARLOS AMARAL 2017) portanto podemos pilotar com segurança com muita atenção é fundamental procurar um curso de pilotagem defensiva, já que o papel das autoescolas infelizmente não é suficiente, melhorar técnicas de frenagem, curvas, postura é essencial para evitar algum acidente. 

O que manda é nossa cabeça, nossa consciência, pense, reflita, vamos fazer um grande movimento para diminuir os acidentes, pense que nas ruas existem pessoas que por trás tem famílias, que dependem dela ou não, se importe em conduzir de maneira a não provocar situações de risco, vamos valorizar a VIDA. 

* Via demarcada para motos em São Paulo na Avenida 23 de maio e Avenida dos Bandeirantes 

 

#VivoComMoto#2023

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